Em tradução literal, o termo placemaking significa “criar lugares”. No entanto, esse conceito vai muito além dos espaços físicos! Trata-se da transformação de bairros, cidades e regiões em lugares atrativos e funcionais, concentrando-se na melhoria dos espaços públicos e nas conexões entre as pessoas e os locais que compartilham.
O conceito de placemaking emerge como uma abordagem centrada nas pessoas e em suas necessidades, reconhecendo que o desenvolvimento urbano não deve apenas considerar aspectos físicos, mas também sociais, culturais e econômicos. E considera que para alcançar esse objetivo, é crucial envolver a colaboração entre comunidades, planejadores urbanos, arquitetos e autoridades governamentais.
A participação ativa da comunidade é fundamental nesse processo. Ao fortalecer a conexão entre as pessoas e os espaços compartilhados, a abordagem promove um processo de visão coletiva, onde todos passam a enxergar novas possibilidades para praças, ruas, parques e outros espaços públicos.
Após quinze anos de desenvolvimento, foi somente na década de 1990 que o termo Placemaking começou a ganhar destaque, com o advento do Project for Public Spaces. O PPS é uma organização internacional que tem sido pioneira na promoção de iniciativas de placemaking em todo o mundo.
Além de promover práticas comunitárias, essa organização desempenha um papel fundamental na disseminação do conhecimento sobre o tema, fornecendo diretrizes para o desenvolvimento de espaços públicos e oferecendo recomendações para melhorar a qualidade de vida nas cidades.
Mas na prática, o que torna alguns lugares atrativos enquanto outros são negligenciados?
Ao analisar inúmeros espaços públicos em todo o mundo, o Project for Public Spaces descobriu que para ser considerado um exelente lugar, é preciso ter algumas caracteristicas essenciais essenciais e para ajudar a ilustrar esses elementos criou o diagrama “What Makes a Great Public Spaces?”, no qual é possível identificar diversas características de um bom espaço público.
Além do Diagrama de Lugares, o PPS também estabeleceu 11 princípios-chave que orientam arquitetos e planejadores urbanos na criação de espaços urbanos atrativos e funcionais. Conheça eles:
Princípios – Chave
1. A comunidade é o especialista
Acredita-se que as pessoas que vivem e usam um espaço são as melhores para decidir como ele deve ser. Portanto, suas necessidades, desejos e visões devem ser considerados primordiais no processo permitindo criar um senso de pertencimento.
2. Crie um lugar, não um design
Prioriza-se a criação de lugares autênticos e significativos, em vez de apenas focar em designs esteticamente atraentes. O objetivo é desenvolver espaços que tenham um propósito claro e uma identidade única.
3. Procure parceiros
O sucesso do placemaking depende da colaboração entre uma variedade de partes interessadas, incluindo membros da comunidade, autoridades governamentais, organizações sem fins lucrativos e setor privado. Parcerias sólidas são essenciais para garantir um processo inclusivo e sustentável.
4. Eles sempre dizem “Isso não pode ser feito”
Desafia-se a mentalidade convencional e resistência à mudança. Em vez de aceitar limitações, o placemaking incentiva a criatividade e a busca por soluções inovadoras para transformar espaços urbanos.
5. Tenha uma visão
Definir uma visão clara e compartilhada para o espaço é fundamental. Uma visão inspiradora ajuda a orientar o processo de placemaking e motiva todas as partes interessadas a trabalharem em conjunto para alcançar objetivos comuns.
6. Você pode exergar muito, apenas observando
Ouvir e observar atentamente as atividades e interações que ocorrem em um determinado espaço é essencial para entender suas características únicas e as necessidades da comunidade.
7. A forma sa suporte a função
O design do espaço deve ser orientado pela função e pelo uso pretendido. Isso significa que a forma deve seguir a função, priorizando a adaptabilidade e a utilidade do espaço para atender às necessidades da comunidade.
8. Triangulação
A interação entre diferentes atividades, usos e pessoas em um espaço pode criar uma atmosfera dinâmica e vibrante. O placemaking incentiva a diversidade e a combinação de elementos para enriquecer a experiência do local.
9. Experimentação: mais leve, rápido e barato
A implementação de melhorias temporárias e de baixo custo pode gerar resultados significativos em um curto espaço de tempo. Essas intervenções de baixo risco permitem testar ideias, envolver a comunidade e demonstrar o potencial de transformação de um espaço.
10. Dinheiro não é um problema
Embora o financiamento seja importante, o sucesso do placemaking não depende exclusivamente de recursos financeiros. A criatividade, o engajamento da comunidade e a colaboração podem superar desafios financeiros e desbloquear soluções inovadoras.
11. Você nunca termina
O placemaking é um processo contínuo e iterativo. Os espaços urbanos estão em constante evolução, e as necessidades e preferências da comunidade também mudam ao longo do tempo. Portanto, é importante continuar adaptando e refinando os espaços para garantir que continuem sendo relevantes e vibrantes.
Os benefícios do placemaking vão muito além da estética!
Ao revitalizar espaços urbanos subutilizados, é possível promover o bem-estar, a coesão social e o desenvolvimento econômico. Além disso, contribui com o aumento do turismo, a valorização imobiliária e melhoria na qualidade de vida da comunidade local.
Como já mencionado, dar vida aos espaços envolve muito mais do que apenas promover um melhor desenho urbano. O placemaking facilita padrões criativos de uso, inspirando as pessoas a reimaginar e reinventar coletivamente os espaços públicos que compartilham.
Por isso, considerar as necessidades individuais das pessoas ao planejar as cidades é fundamental! Com esses princípios em mente, podemos aplicar o placemaking em qualquer espaço de convívio, priorizando as pessoas e inspirando uma visão coletiva para o desenvolvimento de cidades mais inclusivas, criativas e sustentáveis.